"O meu dever é passar os valores e a exigência que o clube sempre teve com os atletas"

Andebol: Numa conversa bastante agradável que Francisco Fontes, capitão do Águas Santas, teve com o Mundo do Andebol, os temas foram algo variados. Mas, como é óbvio, o principal destaque foi para o facto de a equipa da Maia ter passado na primeira ronda de apuramento para a fase de grupos (com vitória por 30-20 frente ao Cocks da Finlândia) e consequentemente, manter vivo o objetivo de ter 5 equipas portuguesas nas competições Europeias.

Mundo Andebol

A ambição que os caracteriza

De 29 anos, o pivô natural de Rio Tinto diz que o Águas Santas "é o sítio onde sempre quis estar" e que, embora se sinta "realizado", não significa que se sinta "conformado". É o capitão que assume a passagem dos valores e da exigência do clube, mas que defende um grupo unido e forte para o aparecimento das conquistas. Na véspera de se saber o adversário de Águas Santas (e também de Belenenses e Sporting, presentes nesta 2 e última ronda antes do acesso à fase de grupos da European League), o jogador maiato explica-nos um pouco melhor a vivência de um grupo e fala-nos um pouco mais de si.

P- Por ser uma equipa ainda bastante jovem, acha que a pressão é algo que poderá afetar o Águas Santas? Ainda para mais agora que a fase de grupos da EHF European League está a 2 jogos de distancia.

R-  Honestamente, não acho que a pressão vá ser um fator determinantes para o sucesso ou insucesso, porque quando estamos a jogar uma competição deste nível vai haver sempre pressão para os mais experientes ou para os menos experientes. Transformamo-la em ambição é algo positivo e é aquilo que nós temos de ser: ambiciosos. É um palco onde todos nós queremos estar e considero a pressão algo positivo neste sentido.

P- Acha que a equipa e a estrutura do clube têm capacidade para jogar contra equipas mais fortes, fazer viagens mais longas e ter menos tempo de descanso. Ou seja, ultrapassar e lidar com todos estes obstáculos e adversidades

R- Não será uma tarefa fácil. Antes de pensarmos em jogar os grupos, temos que jogar esta segunda eliminatória, sabendo que nos podem calhar equipas fortes. Claro que ambicionamos ver mais à frente, mas primeiro temos que ter os pés bem assentes na terra. O nosso clube tem uma estrutura forte, todos nós somos apoiados pela nossa equipa técnica e toda a estrutura do clube. É um grupo com muita gente, o plantel sofreu muitas alterações este ano. É um grupo trabalhador, que trabalha, e embora recente, que demonstra trabalho e coeso. Sabemos que existem mais fortes e experientes, mas nos 40x20, ambição é sempre a mesma, ganhar. As viagens e o aperto de calendário não são desculpas.       

"Fase de grupos? Primeiro temos que manter os pés bem assentes na terra e jogar a segunda eliminatória"                      

P- Enquanto jogador mais experiente e capitão, o Francisco acha que tem o dever de ajudar os mais jovens a integrarem-se e de assumir e tem uma voz que se sobressai à de todos nos momentos bons e menos bons, principalmente no que toca a manter a cabeça fria e dizer para seguir o foco e por outro lado a assumir de certo modo a responsabilidade por algo menos positivo?

R- O meu papel como capitão do meu clube de sempre, obviamente que se distancia bastante do papel que tem a equipa técnica. O meu dever é passar os valores e a exigência que o clube sempre teve com os seus atletas. Sempre considerei ser mais fácil a voz nos momentos em que se ganha, e nós que andamos nesta vida do desporto, sabemos que a época é longa e há muitos altos e baixos. Primeiro a questão coletiva e depois a questão individual. O grupo tem que ser forte e unido para atingir objetivos. Há uma clara diferenciação entre o papel de capitães e treinador.

P- Não podia deixar de lhe fazer esta pergunta. Algum adversário em especial que não queira encontrar nesta 2 eliminatória?

R- Olhando para o lote dos possíveis adversários, apenas excluiria os “Belenenses” e o Sporting, porque acho que seria muito interessante e um feito extraordinário Portugal ter 5 equipas a disputar competições Europeias. Quanto às outras equipas, acho que não vale a pena estar a dizer que gostava de evitar esta ou aquela porque seja quem for a ambição vai ter que ser exatamente igual face ao nome e aos jogadores que estiverem do outro lado. E essa é a forma mais correta de encarar e é a forma que nós certamente vamos encarar esta eliminatória.

P- Por fim, sente-se realizado em Águas Santas ou tem o sonho de um dia sair do país para um grande clube ou ficar mesmo e Portugal e quem sabe representar um dos grandes?

R- Eu sinto-me realizado no clube que é o meu clube de sempre. É o sítio onde eu sempre quis estar, mas por me sentir realizado não quer dizer que me sinta conformado. Vou sempre acreditar que o meu clube tem capacidade para fazer coisas melhor e o meu foco vai sempre passar por tentar ajudá-lo a cumprir os objetivos a que se propõe.

Gustavo Magalhães

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