O amarelo da esperança

 Andebol: Depois de 10 anos sem vencer, ontem foi dia de alegrias. O verde, habitualmente associado à esperança, parece ser trocado pelo amarelo. A Suécia coloca o seu andebol de novo no estrelato

Mundo do Andebol

A parceria Jim-Andreas


Guiados por um norueguês, a Suécia não se pode queixar por falta de trabalho ou de dedicação por parte de Solberg. Não tão exuberantes ou até mesmo "artistas" como os espanhóis, os já 3 vezes campeões Europeus deram uma lição de como a simplicidade e experiência são a chave para uma conquita andebolística. 

O verde transformou-se em amarelo. Apesar da Dinamarca não ter aparecido nesta final, após eliminada nas meias-finais por uma Espanha que chegou a esta final como a grande favorita, perdeu de forma justa, num livre de 7 metros marcado por Nicklas Ekberg, conhecido pela sua eficácia na linha que visa os 3x2 onde se coloca a bola. A Suécia, que já no Mundial do Egito tinha quebrado um jejum de 20 anos (desde 2001 que não pisava o placo mundial), desta vez surpreendeu com uma equipa segura, capaz e bastante eficiente.

Em posições diferentes mas mostrando alguma cumplicidade, por um lado Andreas Palicka, mais atrás, defendendo as redes dos nórdicos, é um dos principais obreiros desta vitória. Defesas extraordinárias e golos de baliza a baliza que, apesar de nos parecerem fáceis, exigem pontaria e precisão. Já a reger o ataque, o maestro Jim Gottfridsson, jogador da Bundesliga, levou a sua seleção praticamente às costas. Apesar de não ser muito móve, as suas inversões de circulação no ataque, a sua força física e a sua determinação carregam uma seleção única. Quando a Espanha perdeu a bola no ataque e a Suécia teve a possibilidade de ganhar o jogo (e fê-lo no livre de 7 metros já referido), em vez de Solberg falar, foi Gottfridson a fazê-lo. Pormenor que demonstra bem a grande importância deste central experiente, que jogam 60 minutos com 29 anos.


O seu comprimento no que toca a plantel não é o da Espanha, nem para lá caminha. Apesar de jogadores mais influentes, como Palicka, Gottfridsson ou Hanne jogarem na melhor liga do Mundo (germânica), Persson, Moller ou Sandell jogam nos campeonatos quer vizinhos quer até mesmo no nacional. Uma seleção que sofreu uma grande remodelação desde 2010, tem-se mantido nos grandes palcos, embora nos últimos 2 se tenha afirmado como uma das melhores do mundo. Esta mesma que, em 2020, perante o seus efusivos (mas controlados e bastantes respeitadores) adeptos, perdeu por 25-35 com os comandados por Paulo Jorge Pereira. Estes mesmos nórdicos que perdiam com Polónia ou Alemanha, agora ganham por 5 e 10 golos. É uma seleção renovada, humilde, trabalhadora, nada exuberante e com um plantel curto, mas bastante unido e com um 7 base fundamental. 

Cultura desportiva fantástica, adeptos incríveis e espírito formidável, certamente veremos o nome "Suécia" escrito muito mais vezes na história do andebol Mundial do que as páginas que já escreveu. De todo o prestígio que já teve e que continua a  ter, os "amarelos da esperança" tentam levar de novo a glória a seu porto. Frios, aguerridos e competentes, podemos estar bem a falar dos próximos campeões Olímpicos.

Gustavo Magalhães

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